domingo, 24 de outubro de 2010

Escolhas:

- Devíamos ter mais opções de escolha.
- Como assim?
- Escolher de quem gostar, por exemplo...
- Isso não dá.
- E se desse, o que você faria?
- Ainda assim escolheria você.


CFA.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Constatação.

'' Você saiu e ainda não fez o favor de bater a porta com força, como quem diz: não vou voltar nunca mais.


Por que não me deleta da tua agenda?


Esse papel de amigo que ligou pra saber como tudo está, não lhe cai nada bem. Não digo que você mente, só que não lhe cai bem.


Aliás, me cai pior ainda, depois: “tchau, foi bom falar com você”.


O que é?


Te incomoda que eu te esqueça?


Que eu não te procure nunca mais?


Que nos tornemos dois desconhecidos?


Que um dia qualquer um dos meus ouvidos estranhem a tua voz, e que a boca, involuntariamente ao atendê-lo, pergunte:
- Quem fala?


Que eu te encontre por essas esquinas, e os meus olhos não reconheçam os teus?
- Se é que um dia eles se enxergaram…digo, de verdade.


Foram apenas apresentados por nós, e por nós mesmos também afastados. Mas os meus se foram loucos… para olharem pra trás, foram querendo ficar.


- Faça-me um favor…?
Não comunique-se com nenhum dos meus sentidos. Nenhum!


Pois depois que falam contigo, correm direto ao coração pra contar-de-ti.


É lá é perigoso. Para mim.


Odeio o teu papo-furado e as tuas perguntas repetidas.
Odeio também ter que me repetir nas respostas, e às vezes, por descuido nelas me entregar mais-uma-vez.
Odeio ainda tremer, mesmo nos dias quentes, com essa tua voz!
Odeio querer achar segundas intenções nas tuas frases, e odeio mais ainda quando as encontro.
Odeio ter que perder meu tempo depois, tentando juntar o que me disse. Sem razão.
Odeio, odeio! Me sentir refém do que sinto…


Você deve saber o reboliço que causa aqui, e faz de propósito.


E que raiva sinto de mim por te escutar! Por querer te escutar!


Entenda, que quero você bem, mas não quero sabê-lo!


AAAAHH se eu pudesse me desligar, te desligar de mim! Como no telefone...


Num clic. Só com a cara e a coragem esquecer.


Tudo isso desassosega-me o juízo.


Começo a lembrar, enxergar, escutar, sentir demais.


Odeio odiar todas essas coisas, e mais ainda não te odiar, te querer. Não te possuir.
Odeio essa contradição, que eu entendo.
Odeio, sobretudo, quando pulas fora de mim, e te vejo concreto no papel.
Odeio quando você se torna a minha inspiração pra escrever!


É. Gosto de você.


Ainda.


Constatação. ''


Texto perfeito do Eduardo Porter de Souza.